A estiagem severa que atingiu o RS obrigou produtores a usarem mais água no manejo das lavouras e não houve chuva suficiente para repor os níveis.
O Rio Grande do Sul foi o estado mais afetado pelas estiagens no último verão. A seca foi ainda mais severa na metade sul do estado, onde se concentra a principal área produtora de arroz irrigado, responsável por mais de 70% da produção nacional. Só que o arroz, por ser uma cultura irrigada, até se beneficiou com o clima mais seco e ensolarado, registrando altos índices de produtividade.
O problema é que para compensar o tempo seco, o produtor teve que irrigar mais, gastando mais água. Como ao longo do verão passado não houve chuva para molhar as lavouras e muito menos para repor os níveis das barragens, chegou ao fim da safra com os níveis das barragens muito baixos.
Embora nos últimos dias muito tenha sido noticiado sobre chuvas fortes, tempestades e enchentes, associados à passagem de dois ciclones extratropicais pelo Rio Grande do Sul, o fato é que a atuação desses sistemas se concentrou mais no norte do estado e, portanto, as chuvas fortes não atingiram as regiões de arroz do sul e oeste.
Em Dom Pedrito, região da Campanha Gaúcha e fronteira com o Uruguai, o acumulado de chuva de janeiro a julho de 2020 gira em torno de 550 milímetros, o que representa déficit de 370 milímetros. Se considerarmos o período de chuvas de novembro de 2019 até julho de 2020, quando o acumulado é de apenas 650 mm, isso se agrava, correspondendo a um déficit de 530 mm.
Segundo informações de produtores da região, a estimativa é que hoje as barragens tenham em média apenas 30% da sua capacidade de armazenamento.
O sinal de alerta acendeu para os arrozeiros, em relação ao risco de este ano não recuperarem plenamente os níveis das barragens, no momento que não foram beneficiados com as fortes chuvas de julho, que assolaram o estado. Além disso, passou a ser noticiado sobre o início de uma fase de águas frias no oceano Pacífico Equatorial, com indicativo de provável configuração do fenômeno La Niña no decorrer do segundo semestre. Lembrando que a fase fria do Pacífico está associada com períodos de chuvas abaixo da média na região produtora de arroz.
A curto prazo não há expectativa de reversão desse quadro. As previsões para o restante de julho e para agosto não são muito favoráveis para ocorrerem chuvas fortes nas áreas produtoras de arroz do sul e oeste do Rio Grande do Sul.
As esperanças ficam para a primavera, quando há indicação de chuvas acima da média para a região. O problema é que já vai estar no limite do período para começar o plantio. Muito provável que neste ano, o produtor tenha que começar no “escuro” as primeiras atividades operacionais, tais como drenagem e nivelamento das lavouras, mesmo sem saber o quanto vai ter de água para plantar a próxima safra. Mas é recomendável não arriscar muito, pois mais uma vez não vai poder contar muito com chuvas no próximo verão.
FONTE: CANAL RURAL