Expansão será a 6ª consecutiva. Preços em alta e reaproveitamento de espaços da pecuária asseguram projeções
A cerca de 40 dias para o início do plantio da nova safra de soja, em Mato Grosso – com o fim do Vazio Sanitário, período proibitivo para permanência de plantas vivas da oleaginosa –, as projeções apontam para novos recordes ao ciclo 2020/21.
O primeiro deles é o de comercialização. A soja quem nem foi plantada está vendida pelo produtor e o volume, até junho deste ano, é 23% maior que o contabilizado em igual momento do ano passado.
Diante desse dado, pode-se dizer que quase metade (47%) das 35,18 milhões de toneladas esperadas para o novo ciclo está vendida.
O segundo recorde, que aponta no horizonte, é o da área plantada, que deve chegar a 10,21 milhões de hectares, projeção que se confirmada, será 2,23% acima do recorde consolidado em 2019/20.
Como detalham os analistas do Imea, houve ajuste da área de soja a ser cultivada a partir de setembro. A superfície prevista até o último levantamento, de 10,07 milhões de hectares, foi ampliada para 10,21 milhões de hectares.
“As principais regiões com expectativa de aumento são aquelas com vastas áreas de pecuária, em que existe espaço para a conversão de pastagem para agricultura”, explicam.
Além da existência de áreas de pastagem para conversão, existem outros motivos que justificam a expansão em Mato Grosso.
“Os preços da soja nos últimos meses, por exemplo, foram atrativos ao produtor, assim como a produtividade da safra passada que foi recorde. Já a comercialização da safra 2020/21, para se ter uma ideia, está acima de 46% (até final de junho de 2020), o que é mais que o dobro do percebido em anos anteriores. Ademais, o mesmo produtor de soja geralmente cultiva milho na segunda safra, o qual está gerando bons resultados no campo, assim como teve preços em patamares recordes em 2020”.
A soja, como completam os analistas, catalisa esse bom momento do setor e reflete os vários fatores que vêm influenciando positivamente sobre a decisão do produtor em aumentar a área cultivada com soja na próxima safra.
A produtividade da safra 2020/21 ficou estimada em 57,45 sc/ha, próximo da última estimativa. Os analistas destacam que com o início do cultivo da soja, em setembro/outubro, possa ocorrer melhor previsibilidade do rendimento da cultura, “visto que as expectativas quanto ao clima para o desenvolvimento da oleaginosa ainda são muito incertas”.
Em relação ao preço, a saca fechou julho com valorização de 67,48%, ao deixar os R$ 63,10 registrados no mesmo momento do ano passado para atingir o recorde de R$ 105,68. A pouca oferta de grãos da safra 2019/20, somada com a demanda aquecida, continuou impulsionando os preços do Indicador Imea/MT na última semana, que acumulou alta de 0,83%, cotado em média a R$ 105,68 ante R$ 104,81.
PRODUÇÃO – Considerando área e produtividade, a produção esperada em Mato Grosso passa a ser estimada em 35,18 milhões t, avanço de 1,27% ante estimativa anterior e recuo de 0,62% na comparação com a safra 2019/20.
CONSUMO – A atualização da Oferta e Demanda, também feita pelo Imea, trouxe novos números para as safras 2018/19 e 2019/20, além da primeira expectativa para a temporada 2020/21 da soja mato-grossense.
Pelo lado da oferta, a safra 2019/20 soma uma produção de 35,40 mi t, um recorde estimulado pelo aumento de área e produtividade acima de 59 sc/ha. Pelo lado da demanda, a procura pelos subprodutos estimula o esmagamento local, que pode alcançar 10,33 mi t neste ano e 10,34 mi t no próximo.
Além disso, as exportações podem superar os 22,11 mi t em 2019, o que representaria 13,87% das exportações mundiais da oleaginosa (com base no USDA).
Já para a safra 2020/21, as incertezas mundiais podem afetar o comércio exterior, porém a expectativa é que as exportações se mantenham altas e continuem com a projeção histórica de crescimento anual acima de 8%, apontando que o Estado continuará como grande fornecedor de proteína vegetal para o mundo.