Segundo o Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa), a praga está a 20 km do Uruguai e a 100 km de Barra do Quaraí (RS)
O Uruguai aumentou o alerta para um possível ingresso no País da nuvem de gafanhotos localizada na província argentina de Entre Ríos. Isso porque, com temperaturas mais altas na Argentina desde a última sexta-feira (17/7), a praga tem se movimentando e está nas redondezas da cidade de Federación, a 20 quilômetros do Uruguai.
Segundo informações do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa) repassadas ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a nuvem se encontra a 100 quilômetros de Barra do Quaraí (RS), a menor distância para o Brasil desde o final de maio.
Baseada na previsão meteorológica argentina, a Direção Geral de Serviços Agrícolas (DGSA), órgão do Ministério da Agricultura do Uruguai, disse nesta terça-feira (21/7) que são esperados ventos vindos da região nordeste e um aumento da temperatura na área onde a nuvem está localizada nas próximas 48 horas, o que pode favorecer novos movimentos dos insetos. “Com uma queda de temperatura, os ventos devem girar para o sul/sudoeste. Essas condições favoreceriam o deslocamento da praga para o sul”, afirmou a DGSA.
Com a redução da distância da nuvem desde a última semana, o governo gaúcho fez uma consulta ao Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) na segunda-feira (20/7) para saber sobre a disponibilidade de aeronaves caso os gafanhotos entrem em território brasileiro. O Rio Grande do Sul possui uma frota de 426 aeronaves, das quais pelo menos 70 estariam prontas para sobrevoar as áreas na região da fronteira. Por sua vez, o Uruguai dispõe de 135 aviões aeroagrícolas que podem ser utilizadas na tentativa de erradicar a praga.
Os técnicos de Brasil e Uruguai aguardam os resultados de uma nova aplicação fitossanitária que seria realizada pelo Senasa argentina na manhã desta quarta-feira (22/7) na cidade de Federación. Não foi detalhado, no entanto, se a operação seria aérea ou terrestre.
O receio das autoridades brasileiras e uruguaias é justificado. De acordo com informações do governo da província argentina de Córdoba, cerca de 40 milhões de insetos são capazes de comer o que 2 mil vacas consomem em um dia. No entanto, a estimativa é que a nuvem próxima aos dois países tenha uma quantidade dez vezes maior de insetos, sendo, aproximadamente, 400 milhões de gafanhotos.
Nuvem em Formosa
De acordo com o Senasa, a nuvem detectada nesta semana na cidade de Guadalcázar, no norte da Argentina, se deslocou 30 quilômetros para o sul nesta terça-feira (21/7) e está a 8,3 quilômetros para o norte da cidade de Los Tunales, na beira do rio Bermejo, ainda na província de Formosa, mas na divisa com a província de Chaco. Para o Brasil, a situação ainda é considerada segura, já que a distância para Itaqui (RS) é de 680 quilômetros.
O Serviço Nacional de Qualidade e Sanidade Vegetal e de Sementes do Paraguai (Senave) informou que a nuvem no norte da Argentina é a mesma encontrada pelos técnicos paraguaios na última semana nas redondezas do Parque Nacional Defensores del Chaco, no departamento (como são chamados os estados) de Boquerón. O outro grupo de gafanhotos se encontra, neste momento, nas redondezas de Picada 500, mesmo departamento onde a segunda nuvem foi localizada na última semana.
Entomologistas, autoridades e agricultores estão atentos às novas nuvens. O grande receio é que o aumento da temperatura possa gerar um cenário de sucessivas ondas de gafanhotos nos próximos meses.
Fonte: Globo Rural