“A sua propriedade faz gol quando ela está jogando no ataque? Outra pergunta: a sua propriedade faz muitos gols quando você está jogando no ataque e a meta do adversário está sem goleiro?”, questionou o zootecnista Antonio Chaker, diretor do Inttegra, no décimo episódio da nova temporada do quadro Dicas do Chaker.
O zootecnista explicou sobre o que estava falando. “Existe uma época do ano que é o ataque da sua fazenda, que é o momento onde obrigatoriamente você tem que fazer aí tranquilamente três ou quatro gols. É o tempo da pecuária, que nós chamamos de tempo das águas, que na maior parte do Brasil começa em outubro e novembro e vai até abril ou maio”, esclareceu.
“A história de fazer gol, como você já viu numa das dicas, é que eu preciso produzir uma arroba sempre com margem. E arroba produzida com margem é quando eu tenho uma distância entre a receita e a despesa. Nós sabemos que um gado muito bem manejado em janeiro ou fevereiro, vamos dizer que pode ser o auge aí em algumas regiões do Brasil sobre qualidade de pastagem, o gado manejado naquele ponto ideal de engorda, naquela altura que foi respeitada, com aquele lote muito bem apartado, com nível baixíssimos de suplementação, tem ganhos próximos ou até superiores a 1 kg de peso vivo. […] Se no período das águas eu consigo mandar um quilo de ganho de peso vivo, por exemplo, e tenho um desembolso de R$ 50,00 por cabeça ao mês, […] são 30 kg num mês. 30 kg de peso vivo são uma arroba. Se eu estou gastando R$ 50,00, R$ 55,00, R$ 60,00, estou gastando isso para ganhar uma arroba, ou seja, estou produzindo uma arroba a R$ 60,00 e isso, essencialmente, só acontece nas águas, quando eu aproveito que o gol está sem goleiro. Eu não posso em hipótese alguma perder esta chance”, avisou o consultor.
Chaker destacou que existem casos, inclusive, em que uma fazenda pode ter “dois ataques” por ano. “É muito triste chegar uma fazenda na época das águas e ver que a pastagem passou, que ela está mal manejada, que nós perdemos o ponto de engorda, aquela estrutura de pasto já passou e ela chega na seca praticamente só com talo, que é o momento de maior desafio. Porque ganhar o dinheiro nas águas com pecuária é muito simples, mas muito complexo no momento da seca. Tanto que nós brincamos que quem tem integração lavoura-pecuária tem dois ataques: o ataque da época das águas e tem o time do ataque que vai jogar na seca, que é integração, porque você passa a ter pasto verde na época da seca”, comparou.
Mas o consultor fez suas recomendações para as fazendas que não tem a possibilidade de usar “dois ataques” no mesmo ano – construir a sua defesa forte. “Mas quem não tem uma alternativa de integração lavoura-pecuária precisa construir sua defesa forte, uma defesa que também joga no ataque, já que é assim que funciona o futebol moderno. Como a suplementação de seca bem dimensionada, com a estrutura forrageira bem estabelecida, saebendo que os próximos 12 meses da fazenda são passado porque a estratégia de entressafra é pensada um ano antes, pelo menos, para que eu possa estabelecê-la”, indicou.
Entre as ferramentas das quais os pecuaristas podem lançar mão na entressafra para construir uma defesa forte, Chaker listou redução de lotação, uso de feno, silagem, diferimento de pasto, confinamento, suplementação de alto nível, fertilização das pastagens. “Existe uma série de oportunidades que devem ser colocadas em prática, respeitando sempre o teu processo de conquistar margem, Mas uma coisa é certa: é mais fácil eu colocar 800 gramas, 900 gramas nas águas, que eu tenha uma média superior a 800 gramas para poder navegar com 300 gramas na seca, do que ganhar 550 gramas nas águas e zero na seca. E aí meu jogo fica no zero a zero e, ficando no zero a zero, ninguém ganha campeonato”, concluiu.
Fonte: Canal Rural