Mesmo com o avanço da colheita de algodão em Minas Gerais, a oferta da pluma está menor no mercado, o que tem contribuído para o aumento da cotação. Com o real desvalorizado frente ao dólar e as incertezas em relação aos impactos da pandemia do Covid-19, os produtores fecharam contratos de exportação da pluma e estão priorizando o cumprimento dos mesmos, o que enxugou a oferta do produto no mercado interno.
De acordo com o diretor-executivo da Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa), Lício Pena, a valorização da pluma do algodão não era esperada e surpreendeu o setor.
Com a pandemia do Covid-19 e a implantação de medidas de isolamento social, como o fechamento de lojas e shoppings pelo mundo e a suspensão de festas e eventos, a demanda por produtos têxteis, principalmente de vestuário, foi afetada de forma negativa.
Por outro lado, com as pessoas mais tempo em casa, os artigos de cama, mesa e banho tiveram a demanda elevada, assim como produtos para o setor hospitalar, o que, em parte, está compensando a queda do setor de vestuário.
“Estávamos muito pessimistas em relação ao mercado do algodão e, agora, estamos notando uma reação das indústrias têxteis, que estão voltando a comprar. A colheita da nossa safra já está em 50% e grande parte desse volume está em beneficiamento nas usinas. Já temos um bom volume comercializado com as indústrias do Estado e estamos fechando novos contratos. Estamos confiando na retomada dos negócios”, destacou Pena.
Exportação – Ainda conforme Pena, a produção de pluma em Minas Gerais será de cerca de 65 mil toneladas, sendo que, desse volume, em torno de 50% serão exportados. O principal mercado é o asiático, com destaque para a China, Vietnã, Bangladesh, Indonésia e Turquia.
“Com o câmbio favorável para a exportação, os produtores aproveitaram para vender boa parte da safra para o mercado externo. Até o final do ciclo, pretendemos exportar metade da nossa safra. Nesse momento, mesmo com uma produção relevante de pluma, a oferta no mercado interno é restrita já que os produtores estão priorizando as entregas já contratadas no exterior. Com a demanda vinda da indústria têxtil nacional, os preços da pluma valorizaram”, disse.
Em Minas Gerais, devido ao Programa Mineiro de Incentivo à Cultura do Algodão (Proalminas), o preço da arroba de pluma, ontem, estava em R$ 98,75, valor 5% maior que o praticado, por exemplo, no início de junho, quando o volume estava cotado a R$ 94.
De acordo com as informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), entre 30 de junho e 31 de julho, o indicador do algodão em pluma Cepea/Esalq, com pagamento em oito dias, subiu 5,31%, encerrando o mês a R$ 2,8550 por libra
peso (LP). A média de julho foi de R$ 2,7589 por libra peso, 1,73% superior à de junho de 2020 e 5,12% acima da de julho de 2019, em termos nominais.
Safra – Em relação à safra, a produção segue dentro do esperado e com qualidade alta. A previsão é colher, no Estado, 65 mil toneladas de pluma de algodão, produzidas em 37 mil hectares. Para o próximo período produtivo, é esperada redução da produção em cerca de 20%.
Além dos efeitos negativos provocados pela pandemia, a concorrência com outros grãos fará com que parte da área antes dedicada ao algodão migre para a soja, principalmente.
“A soja tem uma liquidez maior que o algodão. A tendência é de uma demanda maior pela soja do que pelo algodão, uma vez que o grão é alimento e item de primeira necessidade. Além disso, os custos de produção são mais acessíveis, o que vai atrair o produtor. A queda na produção de algodão não será maior porque foram feitos muitos investimentos e, hoje, temos 15 usinas de beneficiamento em Minas”, explicou Pena.
Fonte: Diário do Comércio